Na última coletiva de imprensa, tive a oportunidade de conversar com o cantor e compositor Lazinho, do Olodum, sobre a recente proposta do Circuito Alternativo do carnaval na Boca do Rio.
“Acompanhe a seguir os principais trechos dessa conversa.”
**JHONATANBITHS**: Agora sim, como você vê essa mudança?
**LAZINHO**: Minha opinião é clara: vejo isso de forma horrível. A proposta de trasladar a festa popular para um novo local levanta muitas questões que precisam ser abordadas de maneira crítica.
**JHONATANBITHS**: Como assim?
**LAZINHO**: Enquanto a Bahia se encontra em um debate sobre a valorização da festa, notamos que outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, estão investindo na construção de um carnaval de rua vibrante, que atrai multidões.
**JHONATANBITHS**: Como assim?
**LAZINHO**: Então, mudar o carnaval da Barra? É essencial considerar que essa mudança distancia o evento das pessoas. Como podemos garantir que aqueles que vêm de locais mais afastados, como Campo Grande, consigam chegar até a nova localização? O transporte público é uma preocupação real, e atualmente não há infraestrutura adequada para suportar essa demanda.
**JHONATANBITHS**: E quanto à estrutura?
**LAZINHO**: Outro ponto a ser destacado é a questão da estrutura. A ideia de revitalizar o Terminal da França, por exemplo, poderia oferecer uma conexão melhor para os foliões. O sistema atual em Campo Grande já foi moderno, mas as mudanças realizadas, como a remoção de cenaleiras e adaptação da fiação, parecem ter prejudicado a experiência dos participantes do carnaval. Essa situação se torna ainda mais complicada quando se considera que a festa deve ser acessível a todos.
**JHONATANBITHS**: Como você descreve um carnaval acessível?
**LAZINHO**: O carnaval é uma celebração popular que não pode ser desassociada do público. A participação das pessoas é fundamental para o sucesso do evento, e retirar os foliões da Avenida Sete e do Campo Grande só resulta na diminuição do entusiasmo. A presença dos patrocinadores está diretamente ligada à movimentação do público; ao afastá-los, estamos comprometendo a viabilidade financeira do carnaval.
**JHONATANBITHS**: O que precisa ser feito?
**LAZINHO**: Precisamos pensar em uma alternativa que não impõe a necessidade de substituir um circuito pelo outro. Revitalizar a Barra e garantir que o comércio local prospere deveria ser o foco principal. Além disso, é necessário que as prefeituras e os governos estabeleçam obrigações aos artistas, incentivando apresentações em todos os circuitos. Isso garantiria uma distribuição equitativa e promoveria a diversidade no carnaval.
**JHONATANBITHS**: Será uma questão logística?
**LAZINHO**: Não se trata apenas de uma questão logística, mas sim de preservar a essência do carnaval, que é inclusiva e coletiva. Se simplesmente tirarmos um carnaval de um lugar e o colocarmos em outro, sem o devido planejamento e infraestrutura, corremos o risco de perder a magia dessa grande festa. Portanto, é essencial que busquemos soluções que respeitem a tradição, promovam a inclusão e revitalizem o carnaval como um todo, garantindo que todos possam desfrutar dessa celebração sem barreiras.
**JHONATANBITHS**: Obrigado pela atenção!
**LAZINHO**: Eu que agradeço!
*Atenciosamente, Jhonatanbiths*
*Jbn Bahia*
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